UM BREVE
HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE
Na fala humana o homem inicia sua fala sobre seu
corpo, desde então a psicomotricidade ganha seu espaço e de acordo com a
história deste corpo, é o corpo simbólico que está marcado pelas diferentes
concepções que o homem vai construindo a cerca de seu corpo ao longo da vida. No
final do século XIX, foi preciso nomear zonas do córtex cerebral localizadas
além das regiões motoras, que foi desdobrado através de um discurso de domínio
médico (neorologia). Entra em campo então, a neurofisiologia, que através de
suas descobertas constata-se que há diferentes disfunções graves sem que o
cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja claramente localizada.
Portanto são descobertos distúrbios da atividade gestual e da atividade
práxica. Neste contexto foi a necessidade da medicina em encontrar uma
determinada área que explicasse fenômenos clínicos que aparece pela primeira
vez a palavra Psicomotricidade, no ano de 1970.
No século XVII, Descartes estabeleceu os princípios
fundamentais acentuando o dualismo entre corpo e alma. Sendo o corpo o corpo
coisa externa que não pensa e a alma uma estrutura pensante.
No ano de 1970, os médicos nomeiam as explicações de
certos fatores clínicos, de psicomotricidade, porém, sua primeira pesquisa teve
um enfoque puramente neurológico.
Já em 1909, o neurologista francês Dupré afirmou não
haver correspondência biunívoca entre a localização neurológica e as perturbações
da infância, assim como a debilidade mental a motora.
O pesquisador Wallon em 1925 coloca o movimento
humano como instrumento da construção do psiquismo. De acordo com as pesquisas
de Wallon, delineia-se o 1º momento do campo psicomotor, que são os momentos do
paralelismo e da relação. Neste aspecto o corpo é expresso no movimento e a
mente é expressa no desenvolvimento intelectual e emocional.
Em 1935 surge o inovador Guilmain com a reeducação
psicomotora, utilizando exercícios para reeducar atividade tônica, atividade de
relação e atividade motora. Portanto caracteriza-se por aqui a origem clinico
pedagógico da prática psicomotora, no trabalho com crianças instáveis ou com
debilidades motoras, que não conseguiam se adequar à sociedade.
Através de Ajuriaguerra, a psicomotricidade em 1947
ganha novas concepções, que a diferencia ainda mais das outras áreas, com
especificidade e autonomia não apenas nas terapêuticas motoras, mas também nas
alterações psicomotoras funcionais evolutivas.
Uma questão era verificada nas décadas de 40 e 50.
Onde o movimento, a motricidade era tida como uma das formas de adaptação ao
mundo exterior e a psicomotricidade, a atividade de um organismo total
expressando uma personalidade, análise geral do indivíduo, tradução de um certo
modo de ser motor, caracterizando todo o seu comportamento.
Prosseguindo em relação à evolução da
psicomotricidade, Le Camus (1986) dá uma nova definição: “uma motricidade em
relação”, o que, no pensamento de Levin (1995), é onde entra o segundo corte
epistemológico, neste caso o olhar não está mais voltado para ao plano motor,
mas direcionado a um corpo em movimento. Dessa forma não se trata mais de uma
reeducação, mas sim de uma terapia psicomotora. Partindo deste entendimento as
contribuições da psicanálise a partir de 1974, integram-se aos interesses
teóricos e metodológicos dos psicomotricistas.
O percurso histórico da psicomotricidade marcado pela
teoria da psicanálise acaba sofrendo uma grande virada, pois surge então o
terceiro corte epistemológico, onde o olhar do profissional não está mais voltado
em um corpo em movimento, mas num sujeito cheio de desejos com seu corpo em
movimento.
De acordo com alguns pesquisadores norte-americanos foram
considerados algumas experiências de espaço e tempo na aquisição motora, por
outro lado, foi estudado também o comportamento percepitivo-motor numa visão
global de movimento ligada ao desenvolvimento intelectual. Eles acabam por
insistir sobre a concepção percepitivo-motora e o papel do desenvolvimento
motor no desenvolvimento percepitivo.
O
SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL
A psicomotricidade no Brasil foi norteada pela escola
francesa.
Na década de 50 alguns profissionais ligados à área
de deficiência, começaram a valorizar o corpo e o movimento. Nessa época, em Porto Alegre /RS, foi
criado o serviço de educação especial, inserindo no atendimento a Ortopedia
Mental e a Educação Física para excepcionais.
Em 1951 no Rio de Janeiro/RJ, foi criado o primeiro
curso de formação de professores para deficientes auditivos, onde incentivavam
através da Educação Físicas, atividades como jogos, dramatizações, mímica,
ritmo e dança.
A partir de 1968 foi difundida a psicomotricidade no
Brasil através de cursos em universidades de diversos estados brasileiros.
No ano de 1980 foi fundada a Sociedade Brasileira de
Terapia Psicomotora que foi integrada à Sociedade Internacional de
Psicomotricidade, sediada em Paris/França.
Através da Sociedade Brasileira de Terapia
Psicomotora/SBTP, começa em 1982
a surgir as primeiras publicações na área da
psicomotricidade. Seguindo a evolução da psicomotricidade, surgiu em nosso país
o primeiro curso de pós-graduação em 1983 e universidades do rio de Janeiro.
Desde então, profissionais que começaram a trabalhar com psicomotricidade,
procuraram fazer vivências motoras, através de grupos de estudos, então
existentes. O contato com o trabalho psicomotor mostrava como era difícil atuar
com pessoas portadoras de necessidades especiais, com dificuldades ou
pertubações psicomotoras, sem alcançar em primeiro lugar um bom conhecimento de
si mesmo.
A Educação Especial Foi o elo de ligação entre o
surgimento da psicomotricidade na Europa e no Brasil.
A Sociedade Brasileira de Psicmotricidade, desde os
anos de 1980, está presente em vários estados de nosso país, promovendo cursos,
seminários e pesquisas, com bons trabalhos científicos, acontecendo vários
congressos nacionais com repercussões internacionais.
Atualmente os cursos de pós-graduação nesta área
estão bastante acessíveis em todo o Brasil, facilitados inclusive por Intituiçõs
de Ensino à distância.
AS ÁREAS DE
ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE
A
reeducação psicomotora:
O trabalho da reeducação privilegia a princípio três
situações, que são: o alívio do problema, a redução do sintoma e a adaptação ao
problema através de jogos e exercícios psicomotores. O reeducador tem que
privilegiar a expressão livre, harmoniosa e econômica do corpo, apóia-se na
sistematização, no nível de idade e nos riscos.
As práticas reeducativas se resumem em técnicas
específicas, exercícios psicomotores, jogos e trabalho direto com o sintoma
observado no exame psicomotor e pelas falas.
Existem duas formas de se reeducar, uma diretiva e a
outra não diretiva. Na forma diretiva o reeducador tem uma posição de decidir
sobre a estratégia e o método a adotar, precisando, portanto, ter uma grande
capacidade de escuta e compreensão da criança. Por outro lado, a reeducação não
diretiva durante o caminho terapêutico quem escolhe o caminho adequado é o
cliente, que se utiliza de materiais. Para concluir o supracitado, uma
arquiteto identificado como Laban, diz que cada homem tem seu esforço de base e
seu processo terapêutico irá conduzi-lo através da experimentação de esforços
que ele não tenha afinidade, modificando com isso a sua psique.
A educação
Psicomotora
A educação psicomotora é uma atividade preventiva.
Atua através da prática psicomotora no desenvolvimento das capacidades básicas,
sensoriais, perceptivas e motoras, sendo direcionada basicamente às crianças
ditas “normais” pretendendo favorecer ao máximo, o desenvolvimento psicomotor.
A estrutura psíquica de um sujeito abrange, segundo estudiosos
como Freud e Lacan, o consciente e o inconsciente.
Como exemplo tem a fala de Lacan, onde o consciente é
o real onde o sujeito vive o lógico, o racional e do ouro lado está o
inconsciente como imaginário, gerado dos conflitos das pulsões e da realidade,
onde acontecem os processos promários que são; o prazer e o desprazer.
Desta forma nós temos então o “real e o imaginário”.
No real, as características são objetivas (racional), já no imaginário, as
características são subjetivas, dependentes da problemática de cada indivíduo.
Terapia
psicomotora:
Tem como objetivo uma ação diagnóstica dos atrasos
psicomotores ou característica da personalidade com a utilização do corpo, com
seus movimentos e sua expressividade. Através de uma linguagem pré-verbal,
mostram os conflitos e dificuldades na relação do EU/OUTRO/OBJETO a serem
resolvidos ou minimizados.
O terapeuta não aborda o sintoma diretamente, ele
revive situações passadas através de jogos regressivos, no corpo a corpo
através da ludicidade e dos jogos simbólicos, ele trabalha em cima do contexto
relacional e afetivo-verbal, corporal, corporal-verbal, vivenciado e
estabelecido. O relaxamento também é utilizado como prática terapêutica, assim
como atividade livres, lúdicas e ordenadas.
EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR: ABORDAGEM DA PSICOMOTRICIDADE NOS ANOS 70
Surge a partir da década de 70, o desenvolvimento da
criança com o ato de aprender com os processos cognitivos, afetivos e
psicomotores, buscando a formação integral do aluno é dever da Educação Física.
Esta abordagem progride na educação em detrimento de outras da época por
considerar o conhecimento de origem psicológica, que foi influenciada pelo
francês Jean Le Boulch. Seguindo nesta linha a psicomotricidade advoga por uma
ação educativa que deva ocorrer a partir dos movimentos espontâneos da criança e
das atitudes corporais, favorecendo a gênese da imagem corporal, núcleo central
da personalidade.
A justificativa para que as aulas de psicomotricidade
fossem incluídas nas escolas era de que a criança toma consciência de seu
corpo, da lateralidade, a situação no espaço, a dominação de seus gestos e
movimentos. Valorizando ainda, o processo de aprendizagem e não um gesto técnico
isolado.